sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Um versus Outro


O simples e o complicado.

O simples e o complicado.

O simples e o complicado. Nao sei como começar.

Vamos direto, sem rodeios: às vezes o simples pode ser tao complicado quanto o complicado de repente simples. Vou explicar.

Existem quatro eixos, de um lado simples de outro o complicado, de cada lado dois lados, o facil e o dificil. (Se soubesse fazer tabela nessa jeringoça seria tudo mais... simples).

1) O Simples pode ser facil e dificil. O simples facil é o extremo da displicência. Ele se encontra no âmbito das carências incontrolaveis, dos amores sem valor, do mais "à mao". Neste simples-facil o desespero corta caminhos e no fim tudo que era para ser simples e facil se revela complexo. Nao deu conta do erro na primeira vez? Entao vai penar para aprender.

2) O Simples dificil é o contrario. é o obvio que ninguém tentou. Para que dificultar? Diria um camponês bucolico. E tao dificil simplificar o pensamento quando estao todos querendo elabora-lo. A verdade quando vem desafiada por pensamentos praticos e inocentes se torna dificil para os prolixos a aceitarem. As crianças sao mestres nesse jogo. O Porquê que desarma, a analise reducionista, a conclusao tao obvia dos guris tornam os argumentos dos adultos tao dificeis de serem sustentados.

3) E o Complicado que parece facil também é uma m... Pensem na burocracia. Pronto, um exemplo do emaranhado jogo de decisoes que é tao automatico a ser seguido. Pois simplesmente nao ha como fugir dele. é o complicado necessario, o processo por qual somos forçados a passar, o ritual confuso e abridor de portas. Ai o complicado se torna tao facil e tao incontornavel.

4) Ja o Complicado-dificil é dificl de se demonstrar. Nao se ensina, nao se mostra os caminhos, nao ha instruçoes. O complicado dificil é desanimador para muitos pois os resultados nao sao nem de longe imaginaveis. Somente gênios e iluminados encaram este desafio. O complicado-dificil é quando seguimos o coraçao, e ele aponta a direçao mais tortuosa, quando todos dizem: "assim nao" e a voz diz vai, dê cabeçadas, mas vai. Quando a verdade-verdadeira se manifesta tao clara para você mas imcompreensivel para outros. é o amor né? E assim surgem as mais belas musicas, os mais comoventes quadros, os mais justos ditados. da um trabalhao danado. Mas é o resultado mais proximo ao perfeito divino que podemos chegar.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

LF Carvalho quer ser maior do que é

A minha expectativa para com Capitu era a melhor possível. Não ouso questionar o talento e a maestria de LF Carvalho. Ele é um homem profundo, convicções sólidas e, indubitavelmente, é dono de uma estética própria.

Mas eu já advertia sobre a possibilidade dele querer ser maior que Machado de Assis. Ele quis. A presunção já começara em "A Pedra do Reino", daí meu temor. Mas achei que depois daquele tropeço, daquele elitismo absurdo e patético, ele iria "cair na real" e dirigir algo com a inteligência, o respeito e a competência que sempre teve. Ser autoral não significa ser maior que o autor. :)

Lembro-me especialmente de "os Maias", texto difícil, mas com um elenco soberbo e com a humildade de jamais se tornar maior que a obra, ele conseguiu realizar um dos maiores momentos da TV brasileira.

Também há de se lembrar "Hoje é Dia de Maria", nunca me esquecerei da cena na qual Maria torna-se mulher. Ali aquela "teatralidade" já estava na nossa cara, mas parecia tão coerente, tão fresca...tão acessível.

Mas não funcionou em "Capitu". Já questiono o título, afinal, se é fiel (apesar de mutilado, claro) ao livro, se é Bentinho o narrador. Se é sob os seus olhos que "enxergamos" a história. Porque diabos colocou o nome da moça no título?

Mas esse é o menor dos problemas da microssérie. O que pegou mesmo foi a arrogância de LF Carvalho. Detesto concordar com o Diogo Mainardi, mas ele tem razão. Capitu foi circense e isso não cabe em Machado de Assis. Toda aquela caricatura, todo aquele teatro. Não, não em "Dom Casmurro". Nuances foram perdidas, atores ficaram sem função. O texto foi absurdamente fragmentado. Cinco dias de série? Sendo que três na infância? Que risco! Que má escolha. Que decisão boba.

Destaco Michel Melamed como Dom Casmurro em alguns momentos, sobretudo os mais tocantes, quando ele se dissipava da roupagem cartunesca que Carvalho o aprisionou. E o seu Bento claramente seguiu a doçura do jovem ator, César Cardadeiro. Letícia Persiles me encantou. E, pasmem, ao contrário do que eu pensava, foi ela a responsável pelo caráter dúbio de "cigana oblíqua" e "olhos de ressaca" de Capitu. Maria Fernanda foi engolida por Melamed. Pena. Lindíssima, mas perdeu texto e espaços muito importantes. O que um diretor egocêntrico não faz...prefere que a estética sobreponha o trabalho essencial de seus atores.

Ahh Luis Fernando, quanta vaidade! Os melhores momentos da série não lhes pertence. Exagerei. Pertencem sim. A trilha sonora divina e emocionante. Beirut com Elephant Gun pontuando o romance, acho que poucas pessoas não se emocionaram. A escolha do elenco. Mas infelizmente não deixou que seus atores defendessem os papéis com o que Machado colocou no seu texto.

Eu esperava mais. E a partir de agora espero menos, cada vez menos, do senhor.


Danielle M

Beijo de despedida

A imagem da semana foi tragicômica: Bush recebendo sapatadas no Iraque foi beeeem simbolico, nao acham?

O jornalista iraquiano Muntadar al-Zaidi gritou antes de lançar o primeiro sapato em direçao à cabeça do presidente norte-americano: "Isto é um beijo de despedida!". Nao satisfeito, jogou o segundo sapato. E ainda teve forças para chamar o Bush de cachorro enquanto apanhava dos seguranças.

Nao concordo muito com este tipo de protesto, diplomacia passa longe, mas da pra ver em que circuntâncias pode chegar um presidente quando erra - comprovadamente - ao invadir um pais sem o menor planejamento. é Sr. Bush, despedida triste essa.